Mercedes-Benz 190 SL: o ícone dos anos 50 que virou tesouro dos colecionadores milionários
Explore o Mercedes-Benz 190 SL de 1956 em exposição no Museu CARDE, Campos do Jordão. Um ícone do design e da engenharia alemã que marcou a história dos conversíveis de luxo.

Um Ícone na Serra: O 190 SL do Museu CARDE
Entre as montanhas de Campos do Jordão, o Museu CARDE (Carros, Arte, Design e Educação) abriga um dos acervos automotivos mais impressionantes do Brasil. São mais de 500 veículos que contam a história da evolução técnica e estética das grandes marcas do mundo.
Entre eles, brilha uma verdadeira joia da engenharia alemã — o Mercedes-Benz 190 SL de 1956. Este exemplar preservado com perfeição representa a essência da elegância europeia dos anos 1950, quando o automóvel era símbolo de status, estilo e liberdade.
Com linhas fluidas, acabamento artesanal e uma presença inconfundível, o 190 SL foi concebido para traduzir em metal a filosofia da Mercedes-Benz: “Das Beste oder Nichts” — o melhor, ou nada.
O modelo exposto no CARDE pertence a uma coleção que celebra a união entre arte e automobilismo, prestando homenagem a um tempo em que cada detalhe era pensado para encantar.
A Origem de um Clássico: O “Irmão Mais Novo” do 300 SL
O Mercedes-Benz 190 SL (código W121) surgiu de uma ideia visionária do importador americano Maximilian Hoffman, que acreditava no potencial de um esportivo Mercedes mais acessível ao público dos Estados Unidos.
Apresentado como protótipo no Salão de Nova York de 1954, o 190 SL foi exibido lado a lado com o icônico 300 SL Gullwing — e logo roubou os olhares por sua beleza equilibrada e proporções harmoniosas.
A produção em série começou em maio de 1955, após dois anos de refinamentos técnicos e estéticos.
Sob o capô, o 190 SL trazia o novo motor M121 BII, um quatro-cilindros em linha de 1,9 litro (1.897 cm³) com 105 cv a 5.700 rpm e torque de 142 Nm, alimentado por dois carburadores Solex 44 PHH. O conjunto era complementado por uma transmissão manual de 4 marchas e tração traseira.
Com velocidade máxima de 173 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 14,5 segundos, o 190 SL oferecia desempenho suficiente para a época — mas o foco era o prazer de condução refinado, não a velocidade bruta.
O modelo foi projetado para cruzar estradas com elegância, oferecendo conforto e estabilidade em longas viagens.
Design e Engenharia: A Arte do Detalhe Alemão
Enquanto o 300 SL utilizava um chassi tubular avançado, o 190 SL adotava uma solução mais racional: uma plataforma derivada dos sedãs Ponton W121, encurtada e reforçada para manter rigidez estrutural sem comprometer a leveza.
Suas dimensões expressavam proporção e harmonia:
Comprimento: 4.199 mm
Largura: 1.740 mm
Altura: 1.321 mm
Entre-eixos: 2.400 mm
Peso: 1.133 kg
A suspensão independente nas quatro rodas — com braços duplos na dianteira e eixos oscilantes na traseira — garantia estabilidade superior. Os freios a tambor de 230 mm nas quatro rodas, com assistência servo, ofereciam eficiência e controle notáveis para um conversível da década de 1950.
O ano de 1956 foi especial: o primeiro ciclo completo de produção do 190 SL, totalizando 4.032 unidades.
Esses exemplares tinham características únicas:
Acabamentos cromados aprimorados;
Lanternas traseiras menores (alteradas após junho de 1956);
Ausência de relógio no painel nos primeiros lotes;
Bancos herdados do lendário 300 SL Gullwing.
Com preço original de US$ 3.998 (sem hardtop) e US$ 4.295 (com teto rígido), o 190 SL era caro, mas oferecia algo que poucos rivais podiam: luxo, prestígio e beleza atemporal.
Legado, Valor e Preservação: Um Tesouro em Campos do Jordão
O Mercedes-Benz 190 SL consolidou-se como um dos conversíveis clássicos mais desejados do mundo. Durante seus oito anos de produção (1955–1963), apenas 25.881 unidades foram fabricadas, a maioria destinada aos Estados Unidos.
Hoje, exemplares em bom estado são disputados em leilões internacionais, com valores entre US$ 89.000 e US$ 285.000, dependendo da originalidade e conservação.
O modelo de 1956 exposto no Museu CARDE é um testemunho vivo dessa era dourada — um carro que sintetiza a sofisticação, a precisão e a estética que tornaram a Mercedes-Benz uma referência mundial.
📍 Museu CARDE – Campos do Jordão (SP)
Rua Benedito Olímpio Miranda, 280 – Alto da Boa Vista
🕒 Aberto de quinta a segunda, das 10h às 18h
O ambiente do CARDE, com seus 6.000 m² de área construída cercados por 200 mil m² de mata preservada, é o cenário perfeito para apreciar esse ícone.
Mais do que um automóvel, o 190 SL representa o nascimento da linhagem “SL” — Sport Leicht (“Esporte Leve”) — que perdura até hoje nos roadsters modernos da marca.
Preservado com o mesmo requinte com que foi criado, o Mercedes-Benz 190 SL 1956 é mais do que um carro exposto: é uma obra de arte em movimento, um símbolo do equilíbrio perfeito entre luxo, engenharia e emoção.

Danniel Bittencourt
Criador de conteúdo automotivo e entusiasta de carros, compartilhando experiências e novidades do setor.