Kait 2026 estreia e Nissan aposta contra maré dos motores turbo
O novo SUV da Nissan chegou com motor 1.6, design renovado e preço de R$ 117 mil. Descubra se ele realmente compete de igual para igual com Tera, Pulse e Kardian.

A Nissan acaba de lançar o Kait 2026, um SUV compacto que chega para substituir o Kicks Play e brigar diretamente com os queridinhos do segmento: Volkswagen Tera, Fiat Pulse e Renault Kardian.
O que chama atenção logo de cara é o preço inicial de R$ 117.990, praticamente o mesmo do antecessor, mas agora com um visual completamente novo e tecnologias que antes só existiam em carros mais caros.
O Kait mantém o motor 1.6 aspirado enquanto a concorrência aposta em propulsores turbo menores. Essa escolha divide opiniões, mas tem fundamento: a Nissan prioriza durabilidade e baixo custo de manutenção.
Com 4,30 metros de comprimento, o modelo é maior que todos os rivais diretos e oferece um dos porta-malas mais generosos da categoria, com 432 litros. Para quem precisa de espaço, isso faz diferença real no dia a dia.
Vamos entender se o Kait realmente entrega o que promete ou se os concorrentes turbinados saem na frente.
Design Exterior Que Rompe Com o Passado
O visual do Kait 2026 marca uma mudança radical em relação ao Kicks Play. A Nissan buscou inspiração nos crossovers elétricos globais da marca, como o N7 vendido na China, e trouxe essa linguagem moderna para o Brasil.
A dianteira renovada é o ponto alto das mudanças. Os novos faróis Full LED são mais finos e divididos, criando uma assinatura visual contemporânea. Uma barra horizontal preta interliga os faróis, detalhe que virou tendência no mercado e funciona bem aqui.
O capô ganhou altura e os para-lamas foram redesenhados. Isso dá ao Kait uma presença mais robusta na rua, algo que os SUVs de entrada precisam ter para justificar o nome da categoria.
Traseira Sofisticada e Lateral Discreta
A traseira também passou por transformação completa. As lanternas são mais estreitas e conectadas por uma barra horizontal que traz o logo da Nissan centralizado. O nome Kait aparece logo abaixo, criando identidade própria.
A placa foi movida do porta-malas para o para-choque, decisão estética que moderniza o conjunto. É um detalhe pequeno, mas que mostra atenção ao design como um todo.
Já a lateral mantém certa continuidade com o projeto anterior. As portas, janelas e maçanetas traseiras são praticamente as mesmas, estratégia para controlar custos. As novas saias laterais mais robustas ajudam a disfarçar a idade da plataforma e compõem melhor com o visual renovado das pontas.
Interior Tecnológico Nas Versões Certas
O interior do Kait mantém o foco em espaço e funcionalidade. O acabamento é predominantemente em plástico, mas com texturas variadas que criam zonas visuais distintas. Nas versões superiores, há aplicações de materiais mais macios no painel e volante.
Os bancos dianteiros contam com tecnologia Zero Gravity da Nissan, sistema que reduz pressão na coluna e melhora circulação sanguínea em viagens longas. Para quem roda bastante, isso faz diferença tangível no conforto.
O revestimento dos bancos varia por versão. A Active traz tecido básico preto, enquanto a topo de linha Exclusive recebe materiais premium com acabamento refinado. Os bancos traseiros são rebatíveis 60/40, permitindo configurações flexíveis de carga.
Multimídia Que Muda o Jogo Nas Versões Superiores
As versões Active e Sense Plus vêm com o Nissan Connect de 8 polegadas. O sistema oferece Apple CarPlay e Android Auto, mas apenas via cabo USB. É funcional, mas peca pela necessidade de conexão física toda vez.
A partir da Advance Plus, o cenário muda. Entra uma central Pioneer de 9 polegadas com conexão sem fio para CarPlay e Android Auto. Isso é ponto de virada na experiência diária, eliminando a chatice de conectar cabos a cada entrada no carro.
O painel digital de 7 polegadas também chega na Advance Plus e Exclusive, substituindo os mostradores analógicos das versões básicas. É customizável e oferece experiência mais moderna. O carregador por indução no console central completa o pacote tecnológico das versões topo.
Motor 1.6 Aspirado Contra a Maré dos Turbos
O Kait mantém o motor 1.6 flex de 16 válvulas que todos conhecem. Entrega 113 cv com etanol e 110 cv com gasolina. O torque fica em 15,2 kgfm com álcool e 14,9 kgfm com gasolina, ambos a 4.000 rpm.
Os números são modestos comparados aos rivais turbo. O Tera faz 126 cv, o Pulse entrega 123 cv e até o Kardian alcança 110 cv com menos cilindrada. A diferença se sente nas arrancadas e retomadas.
Mas a Nissan tem argumento: motor aspirado é mecanicamente mais simples. Menos componentes para dar problema, manutenção mais previsível e custos de reparo menores. Para quem pensa em longo prazo, faz sentido.
A transmissão CVT trabalha em parceria com o motor. Ela simula sete marchas e oferece suavidade característica. Em trânsito urbano congestionado, a CVT proporciona conforto superior aos câmbios convencionais. A durabilidade dela nas aplicações Nissan é comprovada.
O consumo é o calcanhar de Aquiles. Com gasolina, o Kait faz 11,3 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada. Os rivais turbo fazem 12 a 13 km/l no urbano, diferença de cerca de 15% que pesa no bolso ao longo dos meses.
Ficha Técnica do Motor
Motor: 1.6 flex 16V
Potência máxima: 113 cv (etanol) / 110 cv (gasolina)
Torque máximo: 15,2 kgfm (etanol) / 14,9 kgfm (gasolina)
Transmissão: CVT com simulação de 7 marchas
Cilindrada: 1.598 cm³
Consumo urbano (gasolina): 11,3 km/l
Consumo rodoviário (gasolina): 13,7 km/l
Consumo urbano (etanol): 7,8 km/l
Consumo rodoviário (etanol): 9,4 km/l
Tanque: Não especificado
Nissan Kait frente aos rivais: quem entrega mais?
O Kait é realmente maior que os concorrentes?
Sim, e isso não é conversa de vendedor. Com 4,30 metros de comprimento, o Kait supera o Tera (4,15 m), o Pulse (4,09 m) e o Kardian (4,11 m). São 15 a 21 centímetros a mais, diferença que se traduz em espaço real para passageiros traseiros e um porta-malas de 432 litros, um dos maiores do segmento.
E no consumo, como fica a conta?
Aqui o Kait perde feio. Fazendo 11,3 km/l na cidade com gasolina, fica atrás do Tera (12,2 km/l), Pulse (13,4 km/l) e Kardian (12,8 km/l). Quem roda muito urbano vai sentir diferença na bomba, especialmente comparado ao Pulse que é campeão de eficiência.
O motor aspirado é desvantagem ou vantagem?
Depende do perfil. Se você quer arrancadas rápidas e retomadas ágeis, os turbo levam vantagem. Mas se prioriza durabilidade, confiabilidade provada e manutenção mais barata, o aspirado do Kait tem seu lugar. É questão de escolher o que importa mais para seu uso.
Vale a pena pagar mais caro pelas versões equipadas?
A Advance Plus (R$ 146.890) traz multimídia de 9 polegadas sem fio, painel digital e carregador por indução. São R$ 29 mil a mais que a básica, mas a experiência muda bastante. Para quem usa tecnologia diariamente, compensa. Se o orçamento é apertado, a Active já entrega o essencial bem feito.
O Kait tem vantagem de preço?
O preço inicial de R$ 117.990 empata com Tera e Kardian, mas o Kait entrega mais espaço pelo mesmo dinheiro. O Pulse começa um pouco mais barato, porém é menor e tem porta-malas inferior. No papel, o Kait oferece boa relação custo-benefício para quem valoriza dimensões generosas.
Pontos Fracos do Kait
Consumo abaixo da média do segmento
O Kait consome cerca de 15% mais combustível que os rivais turbo no uso urbano. Para quem roda muito na cidade, isso representa despesa significativa ao longo dos meses. É o preço pago pela escolha do motor aspirado.
Potência menor que a concorrência
Com 113 cv, o Kait entrega menos que Tera (126 cv) e Pulse (123 cv). Nas ultrapassagens em estrada e arrancadas no semáforo, a diferença se faz sentir. Não é um carro lerdo, mas fica atrás em performance pura.
Lateral que entrega a idade da plataforma
Enquanto dianteira e traseira são completamente novas, a lateral mantém portas e janelas de projeto antigo. Olhando de lado, dá para perceber que a base tem quase dez anos. As saias ajudam a disfarçar, mas não escondem totalmente.
Ar-condicionado manual nas versões intermediárias
A Advance Plus, que custa quase R$ 147 mil, ainda traz ar-condicionado manual. O automático só aparece na Exclusive, que sai por R$ 153 mil. É estranho pagar tanto e ainda ter que ficar ajustando temperatura manualmente.
Falta de opção com tração 4×4
Diferente de alguns rivais que oferecem versões com tração nas quatro rodas, o Kait é dianteiro puro em todas as configurações. Para quem precisa de capacidade offroad básica ou mora em região com chuvas fortes, essa ausência pesa.
O Que Tiramos Dessa Análise
O Nissan Kait 2026 é uma aposta clara em espaço e confiabilidade. Ele não tenta ser o mais econômico nem o mais potente, mas entrega dimensões generosas e um conjunto mecânico comprovadamente durável. Para famílias que valorizam porta-malas grande, conforto no banco traseiro e baixo custo de manutenção, faz sentido.
Por outro lado, quem roda principalmente na cidade e quer economizar combustível encontrará opções mais eficientes entre os rivais turbo. O Kait exige que você defina prioridades: quer espaço e tranquilidade mecânica ou prefere economia na bomba e arrancadas mais ágeis? A resposta a essa pergunta define se ele é o SUV certo para você.

Danniel Bittencourt
Criador de conteúdo automotivo e entusiasta de carros, compartilhando experiências e novidades do setor.




